CUSTO DIRETO COM EQUIPAMENTOS COLETORES E ADJUVANTES DE UM SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA A PESSOAS COM ESTOMIA
ANÁLISE ECONÔMICA PARCIAL
Resumo
Introdução: As neoplasias integram um grupo de doenças crônicas não transmissíveis, que têm como alternativa terapêutica a confecção de estomias de eliminação. Consistem na exterioração cirúrgica de um seguimento de um órgão oco para desvio do trânsito e eliminação de fezes ou urina (1-2). O Serviço de Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas presta assistência especializada a essas pessoas, objetivando sua reabilitação, além do fornecimento de equipamentos coletores e adjuvantes (3). Sabe-se que todo paciente submetido a confecção de ileostomias e colostomias demanda o uso de um dispositivo coletor para a coleta do efluente intestinal e flatos, e isso gera custo e a necessidade de investimentos financeiros (4,5). Objetivo: Analisar o custo direto do SUS com equipamentos coletores e adjuvantes utilizados na assistência para pessoas com estomias de eliminação. Método: estudo descritivo, transversal, quantitativo, conduzido nos moldes de análise econômica em saúde parcial, realizado por meio do censo, considerando os 282 usuários com estomias cadastrados no serviço, dos quais 214 atenderam os critérios de inclusão. O cenário do estudo foi um Serviço de Atenção à Saúde da Pessoa Ostomizada de Minas Gerais. O horizonte temporal foi janeiro a dezembro de 2022. A coleta de dados de custos baseou-se na abordagem de microcusteio de baixo para cima (bottom-up), por meio de pesquisa documental em prontuários e boletins de produção ambulatorial. Analisaram-se os dados por estatística descritiva de posição (média, mediana, custo médio e diário) e de dispersão (amplitude e desvio-padrão). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, com Caae 67356322.3.0000.5149 e Parecer 5.980.625. Resultados: a média de idade dos pacientes da amostra foi de 65 anos, sendo 50,5% do sexo masculino, 74,8% possuíam o ensino fundamental, 45,8% se declararam brancos. Em relação às características do abdômen e estomia, 40,6% eram globosos, 78% eram colostomias, 57,9% de uma boca e 57,5% de caráter temporário, 75,7% ovaladas, 72,4%, com efluente pastoso, 88,3% de aspecto fisiológico. Sobre as complicações imediatas e tardias, 46,2% não apresentaram complicações na estomia ou pele periestomia. A dermatite foi a complicação mais frequente em 29%. Sobre o custo mensal com equipamentos coletores usados na assistência às pessoas com estomias de eliminação, verificou-se que o mês de agosto registrou o maior custo médio mensal R$ 204,7 (168,6-240,8), com uma amplitude máxima de R$ 3.410,10. No que se refere ao custo médio mensal com adjuvantes, o maior valor médio mensal foi registrado no mês de fevereiro, sendo R$2,90 (1,52-4,28). A amplitude máxima foi no mês de janeiro, cujo valor foi de R$ 71,30. Os custos anuais médios, por paciente, foram de R$ 2.159,68 (R$ 1.953,12-R$ 2.366,23), com mediana de R$ 1.384,8. Conclusão: os custos identificados são considerados menores se comparados aos achados em outros estudos com a mesma temática realizados no Brasil. Tal fato ampara-se na menor frequência de complicações dos participantes, o que implica diretamente no custo devido a dispensação ponderada de adjuvantes. O estudo gerou conhecimento para subsidiar mudanças nos serviços especializados.