ADAPTAÇÃO DE PESSOAS COM ESTOMIAS E SEUS FATORES ASSOCIADOS
Resumo
Introdução: a confecção de uma estomia é um procedimento cirúrgico que pode provocar várias mudanças na fisiologia corporal, no estilo de vida, no aspecto físico e psicossocial da pessoa1. As alterações biopsicossociais e físicas enfrentadas pela pessoa co estomia podem dificultar no processo de reabilitação, recuperação e reinserção social, exigindo maior esforço no processo de adaptação deste paciente à sua nova realidade2. Isso pode ser alcançado quando a equipe multidisciplinar estabelece um plano de cuidado abrangente que consiste em cinco elementos: informação, conhecimento técnico, apoio psicossocial, encaminhamentos e vigilância3. Objetivo: avaliar os fatores associados ao processo de adaptação em pessoas com estomias. Metodologia: estudo transversal analítico, conduzido em um ambulatório tipo II, realizado no período de fevereiro a março de 2023. A amostra foi escolhida por conveniência, obtendo 153 participantes com estomia de eliminação como participantes do estudo. Como critérios de inclusão foram considerados idade igual ou superior a 18 anos e acompanhamento regular no ambulatório de referência e de exclusão foi possuir alguma condição impedissem o preenchimento dos questionários. Para a coleta de dados, utilizou-se um formulário semiestruturado do ambulatório para contemplar alguns dados demográficos acerca do autocuidado. Para análise de dados, realizou-se frequência absoluta, percentuais, média e desvio-padrão e na análise inferencial, foi aplicado o teste estatístico Qui-quadrado de Pearson e Teste Exato de Fisher. Os valores de p<0,05 foram considerados significativos. Resultados: houve predomínio do sexo masculino (53,6%), com média de idade de 56 anos, casados (46,4%), com ensino fundamental (43,8%), aposentados (44,4%) e com renda mensal de até dois salários-mínimos (50,3%). Além disso, prevaleceram as pessoas que se identificaram como responsáveis financeiros da família (50,3%). Em relação aos estomas, 64,7% apresentavam protusões, 60,8% o formato oval, 71,9% a forma regular, 54,9% drenavam fezes pastosas, 82,3% demonstraram boa higiene, 74,5% não apresentaram complicações no estoma e 60,7% mostraram pele periestoma íntegra. Ao avaliar a adaptação, 64,7% relataram estar adaptadas à nova condição e 35,3% não estavam adaptados. Os fatores associados que apresentaram estatística significativa com a adaptação foram estado civil (p=0,015), mobilidade (p=0,027), custo extra com materiais (p=0,006), diminuição da auto estomia (p=0,005) e realização do autocuidado (p<0,001). Quanto as práticas do autocuidado, as variáveis com associação estatística significativa com o autocuidado foram esvaziamento da equipamento coletor (p<0,001), limpeza do estoma (p<0,001), secagem da pele periestoma (p<0,001), descolamento do equipamento coletor (p<0,001), medição do estoma (p<0,001) e realização do molde (p<0,001). Conclusão: evidenciou-se que a maioria dos participantes consideraram estar adaptados ao estoma e fatores associados ao processo de adaptação foram o estado civil, mobilidade, custo extra, diminuição da autoestima e realização do autocuidado, além das práticas do autocuidado, como esvaziamento do equipamento coleto, limpeza do estoma, secagem da pele periestoma, descolamento do equipamento, medição do estoma e realização do molde. Ressalta -se a importância de compreender as barreiras no processo de adaptação relacionada a estomia, para construir um plano terapêutico que busque reduzir as necessidades não atendidas, melhorar o bem-estar e facilitar a adaptação da pessoa com estomia.