IMPACTOS DA PANDEMIA PELA COVID-19 NAS PESSOAS EM TRATAMENTO DE LESÕES DE PELE EM MEMBROS INFERIORES
Resumen
A pandemia pelo Corona Vírus Disease, conhecida mundialmente por COVID-19, acentuou uma realidade de concomitância entre doença infectocontagiosa e as condições crônicas já prevalentes na realidade brasileira, como é o caso das Lesões em Membros Inferiores (LMMII) que se caracterizam por epitelizarem em tempo superior ao período fisiológico de cicatrização e por se localizarem exclusivamente em regiões de perna ou pé dos indivíduos acometidos. A partir de um estudo qualitativo descritivo-exploratório, a presente pesquisa pretendeu conhecer os impactos da pandemia nas pessoas em tratamento de LMMII. Os sujeitos participantes eram pessoas que realizaram tratamento de feridas em membros inferiores no período da Pandemia pela COVID-19, cuja seleção ocorreu pela metodologia SnowBall - técnica de amostragem não probabilística em que um sujeito indica o outro para participação da pesquisa. Trabalho aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos sob número de parecer: 5.326.035. Dentre os 13 sujeitos pesquisados: 54% eram mulheres; 69% brancos; 46% aposentados. Quanto à etiologia das LMMII: 15% eram arteriais; 31% eram venosas; 15% eram mistas e 31% neuropáticas. Dos entrevistados 69% tiveram COVID-19 e 100% deles tinham pelo menos duas doses da vacina anti-COVID-19. Em relação à análise do conteúdo dos impactos auto percebidos pelos sujeitos no tratamento de feridas, foram definidas duas categorias: “vivências” e “desafios”. Dentre as “vivências” foram selecionados aqueles discursos cujo impacto, na percepção dos sujeitos, foram favoráveis ao tratamento, dentre eles cita-se: vacinação; uso de equipamentos de proteção individual pelo profissional de saúde que tratava a ferida; possibilidades de atendimentos domiciliares e telemedicina. Foram categorizados como “desafios” os trechos dos discursos que apresentaram pontos dificultadores ao tratamento de feridas, como: deslocamento; isolamento social; alteração no poder de compra; interrupção do funcionamento de alguns serviços do Sistema Único de Saúde; atrasos em procedimentos, cirurgias e internações; infecção pela Covid-19; medo/ansiedade. A pesquisa contribui para valorizar a continuidade do tratamento de feridas mesmo em situações de risco epidemiológico e sobrecarga dos serviços de saúde, mostrando que adaptações foram importantes para garantir a adesão a este tratamento. Além disso, o estudo ressaltou o cuidado domiciliar e a telemedicina como agentes importantes do cuidado integral ao paciente com feridas em tempos de isolamento social. A pesquisa apontou ainda que a orientação adequada dos pacientes quanto aos fatores que podem interferir na evolução do tratamento de feridas é uma lacuna a ser trabalhada nos atendimentos de saúde, uma vez que o indivíduo tem dificuldade em perceber, até mesmo os pontos negativos em sua mudança de rotina durante a pandemia, como fatores impactantes em seu tratamento de LMMII. Apesar dos inúmeros desafios, os sujeitos e os serviços de saúde realizaram adaptações na rotina, de modo que, conseguiram manter a adesão ao tratamento de feridas.