AVALIAÇÃO DO GRAU DE DEFICIÊNCIA E QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS COM ESTOMIA
Resumo
INTRODUÇÃO A pessoa submetida à confecção de uma estomia pode passar por muitos desafios devido à nova condição de saúde, às pessoas estomizadas são reconhecidas pelo Decreto n. 5.296, de 2 de dezembro de 2004 como deficientes físico (1). Demandando cuidados especializados que atendam às necessidades físicas, psicossociais e espirituais, tendo como foco primordial a reabilitação (2). Os idosos que passam por uma cirurgia formadora de estomia representam grande parte da população de pessoas ostomizadas (3). Somado aos desafios da nova condição de saúde, o processo de envelhecimento por sua vez acarreta inúmeras mudanças, fisiológicas e emocionais. Contudo, pouco se sabe da qualidade de vida da população idosa estomizada e seu grau de deficiência. OBJETIVO Avaliar a qualidade de vida e grau de deficiência da pessoa idosa com estomia de uma Região de Minas Gerais. MÉTODO Trata-se de um estudo transversal descritivo da população idosa com estomias que são atendidas pelo serviço especializado de referência no Centro-Oeste Mineiro, que atende 13 municípios da região, que juntos tem uma população de 415.040 habitantes. Foram analisados os prontuários de 85 pessoas idosas com estomias que tinham o cadastro ativo no serviço, com lucidez para compreensão e que tinham um período mínimo de três meses de cirurgia. A coleta de dados aconteceu entre março e julho de 2019, no serviço em que as pessoas eram atendidas. Os dados foram coletados após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O questionário WHO Disability Assessment Schedule (WHODAS 2.0), avaliou o grau de deficiência, o questionário City of Hope – Quality of Life – Ostomy Questionary avaliou a qualidade de vida e um questionário construído pelos autores para o registro de dados sociodemográficos e clínicos. O presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética da Universidade Federal de São João Del-Rei, parecer número 1.289.660 RESULTADOS A análise dos dados revelou que a qualidade de vida média avaliada foi de 8,0 e o grau de deficiência médio foi de 3,8. As características sociodemograficas da população idosa estudada, a maioria era do sexo feminino (55,3%), com média de idade de 67 anos (±8,8), casados (55,3%), ensino fundamental incompleto (1,1±), aposentados com renda de até dois salarios mínimos (87%). As estomias eram em sua maioria definitivas (76,5%), causadas por câncer (84,7%), localizadas no cólon (72,9%) e sem nenhuma comorbidade (61,2%), aptos a realizar seus próprios cuidados (50,6%). Houve associação positiva entre o autocuidado e a qualidade de vida (p<0,005), entre a qualidade de vida e o tempo de cirurgia (p<0,011), entre o diagnóstico de câncer e grau de deficiência (p<0,003). CONCLUSÃO Conclui-se que a estomia não interferiu negativamente na qualidade de vida da população idosa do presente estudo e que o grau de deficiência é baixo. Quando seu caráter é definitivo tende-se melhor adaptação, apesar de ser um processo variável de pessoa para pessoa. O instrumento de coleta WHODAS 2.0 não fez associação dos estomizados como deficientes físicos dentre os domínios avaliados, mesmo sendo reconhecidos pela legislação brasileira como deficientes físicos (2). Portanto, a condição de saúde não foi um empecilho à realização de atividades diárias.